A pujança analítica dos neo-“jornalistas”

Abri o “artigo” porque o resumo me despertou curiosidade. E já estava a pensar que o tipo tinha apanhado algum vírus benigno, quando de repente me deparo com esta declaração.

“Eu sou a favor da privatização da TAP. E também sou a favor da concessão dos transportes públicos de Lisboa e do Porto, até porque sou utente e já não aguento mais greves do metro.”

Reparem na razão, aqui primeira, que leva o infeliz a ser contra a privatização de que fala. É desta massa que é feita alguma direita; egoísmo sórdido e indisfarçado, ausência cerebral. Ele lá quer saber se a privatização é ou não favorável aos interesses do Estado. Ele só não quer é ser incomodado pelas greves, sem se preocupar em sequer saber o que as origina.

É certo que o pequeno homem acaba por discordar desta privatização, mas pelo timing e pela forma. Mas isso qualquer batata com olhos percebe. Menos o governo, que está em cumprimento de empreitada. Se falha prazos, leva com o dono da obra.

Ia-me esquecendo de nomear o “cgonista”; joao miguel tavares. Diz que é jornalista. E alinha letras no Público. O que é uma maçada… para o Público. Hoje até resolveu atacar uma decisão do governo; convém parecer sério, uma vez por outra.

“privatize-se também a puta que os pariu a todos”/paf

Saramago

«privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu,
privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei,
privatize-se a nuvem que passa,
privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno
e de olhos abertos.
E, finalmente, para florão e remate de tanto privatizar,
privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez
a exploração deles a empresas privadas,
mediante concurso internacional.
Aí se encontra a salvação do mundo…
E, já agora, privatize-se também
a puta que os pariu a todos»

José Saramago, in Cadernos de Lanzarote – Diário III